A endocrinologista Dra. Rosita Fontes desvenda alguns mitos e faz recomendações a quem precisa realizar um exame de sangue
O seu médico prescreveu um exame de sangue, e agora? Para alguns, isto significa ansiedade e preocupação, medo de descobrir algum problema. Para outros, é sinônimo de aborrecimento – fazer jejum, ficar na sala de espera, passar pela picadinha da agulha. Mas não precisa ser assim. No primeiro caso, a recomendação é respirar fundo e deixar a preocupação para depois do resultado (pode não ser nada!). No segundo caso, a endocrinologista Dra. Rosita Fontes, médica do laboratório Cerpe, dá algumas dicas interessantes:
1) O jejum nem sempre é necessário
Segundo Rosita, “o jejum não é necessário para muitos exames. Alguns podem até necessitar de uma dieta especial, mas o que vai determinar essa prática será o método de realização, por isso é muito importante se informar antes da realização dos exames”. Geralmente o jejum é indicado para exames que podem ter resultados alterados pela alimentação, como glicose e triglicerídeos. Pergunte todos os detalhes no momento em que o exame for marcado.
2) Alguns exames dispensam o jejum
Ao contrário do que muitos pensam, vários dos exames mais comuns não necessitam de jejum. É o caso do hemograma, da tipagem sanguínea, do teste de gravidez (beta HCG), do teste de plaquetas, do PSA (antígeno prostático específico), dos testes para todos os tipos de hepatite, dos exames para avaliação da tireoide (T3, T4 e TSH), das sorologias para rubéola e toxoplasmose e dos testes de ureia, creatinina, magnésio, cálcio, potássio, sódio, progesterona, bilirrubina e HIV, entre outros.
3) Quando o jejum é necessário
Com o passar das horas sem comer, as reservas de glicose vão se esgotando rapidamente e outras fontes de energia, como proteínas e gorduras, passam a ser utilizadas para que o organismo se mantenha vivo. Quanto mais longo for o jejum, mais gordura e proteínas são consumidas. É por isto que, para alguns exames relacionados ao metabolismo de elementos como glicose e gorduras, há definições de tempo de jejum – o valor de referência do exame foi padronizado com esse tempo.
4) Boa notícia para as crianças
Poucas pessoas sabem que crianças menores de 6 anos não precisam fazer longos períodos de jejum. A coleta, nestes casos, é realizada o mais próximo possível da alimentação seguinte.
5) Os exames não precisam ser feitos pela manhã
Como as pessoas preferem passar boa parte do jejum dormindo, é normal que a maioria vá para os laboratórios bem cedo. No entanto, exames que dispensam jejum ou que exigem apenas poucas horas sem comer podem ser feitos tranquilamente entre o intervalo de grandes refeições. Mas é preciso atenção: alguns exames, embora dispensem o jejum, precisam ser feitos em horários específicos. É o caso da dosagem de ferro e dos hormônios ACTH, cortisol e CTx, pois existem substâncias que sofrem variação ao longo do dia e atingem seu nível máximo pela manhã. Cortisol e ACTH devem ser coletados entre 7h e 9h, enquanto o exame de ferro precisa ser feito até às 10h.
6) Cuidado com bebidas alcoólicas e tabaco
Quem fuma ou tem o hábito de consumir bebidas alcoólicas precisa ter um cuidado extra, pois alguns testes exigem abstinência por períodos específicos. É o caso, por exemplo, da dosagem dos triglicerídeos e da glicose – recomenda-se a abstinência de álcool por três dias.
7) Quando a regra não se aplica
A palavra final deve ser sempre a do médico. Sempre que o especialista orientar um procedimento diferente do padronizado, em casos especiais, é importante que o paciente realize o exame conforme foi requisitado. Cabe à pessoa respeitar o estipulado, e ao laboratório atender à exigência.